Como o Evangelho Transforma a Sociedade (Não é Pela Política, diretamente)
A história da Igreja cristã é marcada por uma sobrevivência inexplicável aos olhos humanos. Se dependêssemos apenas de estratégias políticas, alianças diplomáticas ou compromissos sociais, o cristianismo já teria desaparecido há muito tempo. Mas a realidade é diferente, e isso nos revela algo profundo sobre a natureza do poder verdadeiro.
POLÍTICA E RELIGIÃO
Raniere Menezes
12/13/20254 min read


A história da Igreja cristã é marcada por uma sobrevivência inexplicável aos olhos humanos. Se dependêssemos apenas de estratégias políticas, alianças diplomáticas ou compromissos sociais, o cristianismo já teria desaparecido há muito tempo. Mas a realidade é diferente, e isso nos revela algo profundo sobre a natureza do poder verdadeiro.
Lições da História: O Império Romano e a Igreja Primitiva
Considere o destino dos judeus no primeiro século. Quando desafiaram o poder de Roma, viram Jerusalém e o templo destruídos, sua rebelião completamente sufocada. Durante décadas, o Império Romano manteve alianças e demonstrou generosidade, mas apenas enquanto seus interesses políticos eram atendidos. Qualquer protesto judaico por direitos era tolerado não por liberdade genuína, mas por conveniência do poder dominante.
O Império Romano tinha capacidade de suprimir qualquer movimento que ameaçasse seu domínio. E o que era a Igreja no primeiro século? Um grupo minoritário duramente perseguido tanto por judeus quanto por romanos. No entanto, ela sobreviveu e floresceu. Por quê? Pelo poder de Cristo, não por força política ou militar.
O Poder da Tolerância Versus o Poder Verdadeiro
Hoje, em muitas partes do mundo, grupos podem protestar democraticamente por seus direitos e mudanças políticas. Isso não acontece porque esses grupos tenham poder real em si mesmos, mas porque o governo os tolera. É uma concessão, não uma vitória.
O massacre da Praça da Paz Celestial em Pequim, em 1989, ilustra tragicamente este ponto. Milhares de estudantes e manifestantes civis pacíficos ocuparam as ruas pedindo democracia. O governo chinês enviou soldados e tanques, massacrando o povo porque não era do seu interesse político permitir tal protesto. Até hoje, ninguém sabe o número exato de mortos.
Não se tratava apenas de cristãos protestando, mas da sociedade civil organizada, provavelmente apoiada por vários setores. Ainda assim, o Partido Comunista simplesmente passou por cima de tudo.
A Igreja Sobrevive Onde a Política Falha
Enquanto isso, a Igreja de Cristo sobrevive clandestina em lugares como Coreia do Norte, Afeganistão, Irã e China. Os cristãos nesses lugares não podem ocupar uma praça para protestar democraticamente, mas a Igreja permanece viva e ativa.
Em países com autocracia eleitoral, como a Venezuela, cristãos podem protestar e talvez não sejam massacrados, mas isso não se deve a algum poder inerente do grupo cristão. É simplesmente que o governo pode escolher tolerar ou não. Todos os movimentos estão sujeitos às autoridades.
Antes de Lutero no século XVI, quantos pré-reformadores foram sufocados em seus protestos? As configurações de poder político não se movem aleatoriamente. Quem determina o curso da história é a Providência de Deus. Um monge aparentemente solitário questionou todo o poder religioso e político da sua época, e o evangelho propagou-se até o Novo Mundo.
O Verdadeiro Campo de Batalha
A Escritura é clara: "Não é por força nem por violência", mas pelo poder espiritual. Este é o verdadeiro poder. Como diz 2 Coríntios 10:4, as armas com que lutamos não são as armas do mundo, mas têm poder divino para demolir fortalezas.
O confronto direto, com armas humanas, é uma disputa no terreno dos pagãos. Vencemos e avançamos pela pregação do evangelho, pelo poder do Espírito Santo num campo onde os não-cristãos não têm armas para lutar.
Cristo se manifestou para desfazer as obras do diabo (1 João 3:8). Durante Seu ministério terreno, o Senhor começou "amarrando o homem valente". Tendo completado com sucesso Sua missão, Ele está agora saqueando a casa de Satanás. Como Jesus mesmo declarou em Mateus 12:28-29: "Se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus. Ou, como pode alguém entrar em casa do homem valente, e furtar os seus bens, se primeiro não maniatar o valente, saqueando então a sua casa?"
A Estratégia da Igreja
A estratégia da Igreja é anunciar o evangelho pelo poder do Espírito Santo, em qualquer sistema político e em qualquer geração. Não lutamos por domínio político direto, mas pela transformação de corações e mentes através da mensagem do evangelho.
Diretamente pela influência da propagação do evangelho, a Igreja terá seu espaço político indiretamente na sociedade. Este espaço será conquistado não por força, mas como resultado natural da transformação espiritual de pessoas e comunidades.
Conclusão
Toda história de sobrevivência e expansão da Igreja se deve ao poder de Jesus Cristo em ação, pois não depende de insurreição política. Se a providência de Deus não conduzisse a história, a Igreja já teria sido varrida da terra.
Nossa confiança não está em sistemas políticos, tolerância humanista ou cooperação dos homens aos contratos sociais. Nossa confiança está no poder do evangelho, que tem provado ser invencível através dos séculos, derrubando fortalezas espirituais e conquistando corações para Cristo.
É assim que a Igreja domina a política indiretamente: não pela força, mas pelo poder transformador do evangelho que muda vidas, culturas e, consequentemente, sociedades inteiras.
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